quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Retiro Inaciano

Retiro Inaciano
O retiro foi no período de 23-31 de outubro, no santuário mariano de Galoro. Foram 9 dias de intensa oração, recolhimento interior, escuta e meditação da Sagrada Escritura, participação nos sacramentos da Eucaristia e Reconciliação. O tema foi inspirado da carta de são Paulo aos filipenses: “Ele humilhou a si mesmo, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fil 2,8) e ministrado por Pe. Domênico Moriconi, um jesuíta italiano de 92 anos de idade. Ele propôs ao nosso grupo (15 pessoas) um encontro pessoal com Jesus crucificado, com a finalidade de harmonizar nossa vida com Deus, com os outros e com toda a criação.

O QUE O SENHOR FALOU A MIM NESTE TEMPO DE RETIRO

Nestes dias de iluminação e reflexão sobre o mistério da cruz, Senhor mi revelou que só Ele é bom e cheio de misericórdia para com todos aqueles que o invocam. Ele amou os seus discípulos com o mesmo amor que recebeu do Pai: “Eles eram teus e tu os deste a mim [...] Pai santo, guarda-os em teu nome [...] Em favor deles eu me consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a verdade”(Jo 17, vv 6,11,19) e continuou lhes amando mesmo quando foi incompreendido e abandonado por eles no itinerário da cruz.

 Nas palavras inspiradas da Sagrada Escritura o Senhor me revelou que o seu desejo mais profundo é a nossa salvação. Ele procurou tantas formas para que Judas reconhecesse o seu pecado e se arrependesse, mas este não contribuiu com as graças recebidas. Quando assumiu a inocência di Jesus, em vez de suplicar misericórdia, entrou em crise de desespero e tomou uma atitude equivocada. A diferença dele, Pedro, que não somente abandonou Jesus, mas foi o único que o renegou, quando reconheceu o seu pecado entrou em um processo de conversão. 
No alto da cruz, suspenso da terra, Jesus se fez nosso único mediador na estrada que conduz ao Pai: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem”. Apesar de todas as torturas, insultos e humilhações, Jesus não olha para nossas fraquezas, pois lhes são todas conhecidas. Ele, de fato, deseja que nós as reconheçamos e humildemente supliquemos a sua misericórdia. Foi esta a atitude tomada por um dos ladrões crucificado ao lado de Jesus: “Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos, mas ele não fez nada de mal!” (Lc 23,41). Este pecador público toma para si as dores de Jesus e o defende. Aliás, ele é o único a defender Jesus das acusações injustas das autoridades religiosas e políticas.

Este pecador crucificado certamente não ouviu as pregações de Jesus, mas ouviu falar de sua fama e dos atos que realizava: “Senhor, lembra-te de mim, quando estiveres em teu Reino” (Lc 23,42). O Senhor não o julga de acordo com os critérios humanos. Ele poderia ter dito: “Bem, como você é um ladrão, um criminoso, passe uns meses no purgatório e depois venha ao meu Reio”. Ao contrário, Jesus não nos julga conforme nossas culpas, mas à medida de nosso amor: “Hoje mesmo você estará comigo no Paraíso” (Lc 23,43). Este homem perdoado é o filho prodigo da parábola de Jesus. Era perdido e foi encontrado, por isso o Pai o acolhe com um abraço misericordioso e o convida a participar de sua festa. É só isto que o Altíssimo deseja de nós! “Porque da sua plenitude todos nós recebemos um amor que corresponde ao seu amor” (Jo 1,16).
Por nossa natureza humana temos tendência a rejeitar a cruz, quando não a carregamos forçadamente como Simão di Cirene. Não integramos nossos sofrimentos aos sofrimentos de Cristo, com esta atitude sofremos ainda mais. Jesus crucificado nos ensina como enfrentar as situações de humilhações, calúnias, abandono e incompreensão, que inevitavelmente encontramos em nossa estrada. Quem está unido a Jesus compreende que o único modo para salvar a vida é doá-la completamente. Disso tantos mártires deram testemunho, sobretudo nos primeiros séculos do cristianismo. “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem procura conservar a própria vida, vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la” (Mt 10,38-39). O cristão que tem fé sempre encontra sentido para sua vida, mesmo enfrentando grandes perdas e frustrações, pois aprende a integrar tudo isso como sua participação pessoal ao mistério da cruz de Jesus. O mestre do amor nos ensina a amar.

Ir. Raimunda Barbosa, fcjm.

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